Quem percorre os três quilômetros e meio de extensão da Praia do Campeche não imagina o tanto de histórias e recordações que a região reuniu ao longo dos anos. As inscrições rupestres milenares, a importância histórica das atividades pesqueiras e as visitas do escritor e aviador francês Antoine Saint-Exupéry são alguns dos fatores que tornam o lugar repleto de magia, aguçando a curiosidade dos olhares dispostos a desbravar esse local tão especial da capital catarinense.
A Praia do Campeche, que já recebeu o nome de Vila do Pontal e hoje é um dos destinos preferidos dos amantes de esportes, é de origem açoriana e teve, entre os seus primeiros moradores, famílias que partiram da Lagoa da Conceição rumo ao Sul da Ilha por volta de 1880. Apesar de inicialmente terem sido cultivadas pequenas lavouras no local, a pesca acabou se tornando a atividade profissional mais importante da região por causa da proximidade do bairro com o mar.
Mesmo vivenciando significativas transformações nos últimos anos, a atmosfera de tranquilidade e sossego ainda se faz presente neste que é um dos bairros mais bem desenvolvidos do sul da ilha. Essa, inclusive, é uma das razões que faz a Praia do Campeche ser o lugar ideal para quem deseja viver perto da natureza, priorizando a qualidade de vida e sem renunciar ao conforto de morar em uma região urbana próxima ao Centro de Florianópolis.
A Praia do Campeche já foi unida às praias da Joaquina e do Morro das Pedras e, antigamente, era conhecida também como Praia do Mandu. Depois, recebeu o nome de Campeche, tal como a ilha que está localizada defronte à praia.
Apesar de haver uma versão bastante difundida pela história local sobre a origem desse nome, a narrativa mais aceita conta que a nomenclatura Campeche teria sido conferida em função do pau-campeche, um vegetal da região bastante procurado nos anos da colonização – por volta do século 18 – e usado com fins medicinais e para a produção de corante.
Curiosa também é a origem do nome de uma das principais vias do bairro, a Avenida Pequeno Príncipe, que faz referência a uma visita ilustre do século 20: o francês Antoine Saint-Exupéry, autor do livro “O Pequeno Príncipe” – obra que foi traduzida para 250 idiomas e é a terceira mais vendida da história. Com cerca de três quilômetros, a avenida atravessa o Campeche e faz a ligação entre a SC-405, a Praia do Campeche e a Avenida Campeche.
Na época, Zé Perri, apelido dado ao francês pelos moradores da Praia do Campeche, trabalhava como piloto para a Société Latécoère, empresa que havia instalado um campo de pouso na região que servia de parada de descanso para a rota que ligava a Europa a Buenos Aires.
Localizado há aproximadamente 500 metros da Praia do Campeche, o campo tem um tamanho equivalente ao de 20 campos de futebol e continua a fazer parte do cotidiano dos moradores. Recentemente, o local tornou-se o Parque Cultural do Campeche, mais conhecido como “Pacuca”, uma área destinada ao lazer da população local.
Considerada uma das regiões que mais se desenvolveu nos últimos anos em Florianópolis, o crescimento econômico e imobiliário da Praia do Campeche é reflexo do processo de urbanização que o sul da ilha vem vivenciando.
As primeiras mudanças significativas no bairro, contudo, começaram há diversas décadas, em torno de 1950, quando a pesca embarcada começou a ganhar espaço e grandes empresas do ramo de pescados se instalaram na região, impactando na produção dos pescadores locais.
Nas décadas de 1970 e 1980, o crescimento da Praia do Campeche foi impulsionado pelo desenvolvimento generalizado da cidade de Florianópolis. Essa mudança resultou também em uma maior inserção na vida urbana local. A partir de 1990, a urbanização acelerada da cidade levou ainda mais desenvolvimento para a região.
Apesar das imponentes ondas que quebram no mar de águas claras serem um grande atrativo para os adeptos do surf, a Praia do Campeche possui outros locais fantásticos para quem busca apenas um momento de tranquilidade e de contato direto com a natureza.
Seja optando por um mergulho na Ilha do Campeche, localizada a uma hora de barco da praia, ou escolhendo uma tarde de descanso na Lagoinha Pequena, a região oferece opções de lazer e gastronomia para que moradores e turistas, dos mais agitados aos mais sossegados, possam se deleitar.
Hoje, a Praia do Campeche busca conciliar o crescimento do bairro à sustentabilidade, sem esquecer as suas raízes históricas e naturais que tanto enchem os olhos de quem escolhe viver neste lugar tão místico.